quarta-feira, 29 de novembro de 2017

As vezes a gente se pega chorando no meio da noite.
Um choro que parece cântico de lamentação, um murmúrio de solidão, que só os solitários conseguem entender.
E no meio da noite vem o entendimento, a falta, a saudade de algo que nem se sabe mais o que.
De que vale o mundo? Quantos copos de café até o próximo sono? Quantos segundos avoados gastos para não pensar naquilo que se está pensando? O não querer já é o pensar.
O chuveiro do vizinho faz barulho do banho que ele toma toda madrugada, um bebê chora enquanto o resto das janelas, vistas da minha janela, dormem.
Mas em meio aos devaneios noturnos não há espaço pra fantasmas, não dá tempo nem de enxugar as lágrimas, afinal logo são 6, logo o dia é mais um. O sol vai invadir o quarto pela janela, fazendo parecer que todas as outras janelas também acordam, quiçá concordam. Concordam que a gente tem que abrir, a janela e a vida. Os olhos e o coração , a gente tem que acordar.
Mas como é que se acorda quando não se dorme ?